Eu


Este post é um agradecimento a você, amigo do blog, que nos prestigia com suas visitas e comentários.

Há poucos minutos, o quadragésimo visitante deste sábado foi o de número 60 mil nestes 13 meses de existência deste veículo de troca e disseminação de informação e conhecimento sobre crédito, economia e finanças.

A correria não permitiu a comemoração do aniversário de 1 ano, em maio último, quando acumulamos 52 mil visitantes naqueles dias.

60 mil muito obrigado a todos vocês!

Fernando

PS: escreverei em breve um post intitulado O Estado do Crédito no Brasil. Fique ligado!

Os amigos devem ter notado que ando escrevendo menos. Também devem ter notado que venho escrevendo mais sobre temas “frios”, ou atemporais, enquanto que antes escrevia alucinadamente sobre notícias “quentes”, da hora.

O bom sinal do comportamente do blog e do blogueiro, é que a crise perdeu momentum. Ela deixou de ser aguda e, portanto, parou de gerar notícias dramáticas que traziam volatilidade para os mercados. Podemos dizer que este é um blog anticíclico. 🙂

Creio que a crise deu lugar a uma “nova normalidade”, em que todos (países, governos, empresas, bancos, cidadãos) passam a conviver com os destroços que ficaram após a grande avalanche financeira que acometeu o planeta, para aos poucos reconstruirem uma nova economia e novos mercados. É uma fase de transição, ainda cheia e de dúvidas sobre como será este novo mundo.

Se por um lado é difícil achar alguma empresa, algum setor ou nação que esteja bem, ainda há considerável disparidade no grau de malefícios causados pela crise. Se por um lado o varejo no Brasil vai se aguentando, o setor de bens de capital vai mal demais. Se por um lado vende-se automovel à vontade, ninguém compra caminhão.

Este tipo de cenário gera confusão, pois dependendo da folha do jornal que você lê a sua percepção da situação econômica muda.

Mas existe um fato que não deve ser esquecido: a nova normalidade – pós-crise – será bem diferente daquela pré 15 de setembro de 2008! Será de menos riqueza, de mais frugalidade, de menores ganhos para a maioria, de menor volatilidade (e mais bi-direcional) e tudo acontecerá mais lentamente.

E a razão é simples: o capitalismo financeiro foi nocauteado. Não há mais tanto dinheiro fácil, barato e tolo para ser emprestado para qualquer um, para ser investido em qualquer projeto, para viabilizar mega fusões ou para turbinar qualquer IPO.

“Não tenhamos mais tanta pressa”, parece-me ser a nova ordem mundial. E isso me cheira bem.

Abraços, F.

Caros – destaco reportagem do jornalista Leandro Modé, do Estadão de hoje, que trata dos calotes que os exportadores brasileiros vêm levando. Este humilde escriba é citado, pois a minha Coface vem segurando parcela considerável destes calotes.

A situação é feia, pois os calotes não vêm de países da “periferia”, mas do Reino Unido, Alemanha, Itália, etc.

Não bastasse isso, nossos empresários enfrentam mercados enfraquecidos pela crise – e competição desigual com a China, que desova seus produtos a preço de banana – e ainda tem o câmbio jogando contra.

Eu realmente não me conformo com a liberdade que o governo dá para que investidores internacionais invadam nosso mercado, baguncem a taxa de câmbio e a economia real, para depois zarparem ao primeiro sinal de crise – bagunçando tudo e novo.

Crédito – os bancos que dão crédito para exportadores estão de olho, e não é de hoje, para a geração de caixa destas empresas. Estas devem ficar atentas e explicar direitinho a sua situação, antes que percam o crédito.

Com a minha simpatia para os nossos valorosos empresários, que buscam mercado lá fora, abraços! F.

Caros – segue o link da entrevista que eu dei para o Roberto Nonato, da CBN, na última 5af. Abs, F.

Caros – ontem eu fui entrevistado pelo Carlos Alberto Sardenberg sobre o meu tema favorito: empresas que tiverem uma relação profissional com os bancos podem pagar juros/spreads mais baixos. Ouçam aqui.

Mas vale destacar que eu escrevo/palestro sobre este assunto há alguns anos e só agora a mídia passou a se interessar por isso. Ótimo sinal. Outro dia a Folha de S.Paulo também destacou o tema (ver abaixo).

Que assim continue, pois é tema de utilidade pública.

Abraços, Fernando

Caros – há umas poucas semanas eu dei uma entrevista para a TV ACREFI, que é a webtv da Associação que congrega as financeiras (de bancos e independentes). Nesta entrevista, que está nos dois links abaixo, eu comento sobre a economia e as perspectivas para o crédito em 2009.

Parte I   +   Parte II

Espero que seja de utilidade. Abraços, F.

Olá!

Eu não gosto da frase acima, apesar dela ser dita por gente amiga e decente. E a frase é verdadeira – mas mesmo assim eu não tenho simpatia por ela. Por que?

Ora, numa crise como esta – ou até mesmo nas outras, menos agudas – a imensa maioria sofre. E, obviamente, uns poucos ganham. É da vida, é do jogo. E não significa também que os vencedores fazem trapaça ou qualquer ação indevida.

Em crises sistêmicas, como esta, só ganham:

  1. Uns poucos que operam em setores que se beneficiam dela.
  2. Outros poucos que tiveram sorte e venderam suas posições antes do crash, ou ainda, alguns que tomaram recursos e não investiram (i.e. estão com o caixa cheio).
  3. Pouquíssimos inteligentes que enxergaram o problema antes e agiram de acordo.

Sucede que a maioria das pessoas que dizem “Crise é Oportunidade” – e eu cruzo com elas aos montes, nos eventos em que palestro – o fazem para agradar a platéia. Confesso que sinto um certo prazer ao desmontar os argumentos vazios deles! Sabemos depois, de um jeito ou de outro, que estes ‘papagaios’ de palestra simplesmente foram sorturdos e estavam fora do jogo do mercado ou eram perdedores e queriam manter a pose.

O Financial Times de hoje nos traz dois exemplos de ganhadores (às custas da tragédia alheia, coisa típica destas crises do capitalismo):

1. A Goldman Sachs compra ativos de Private Equity com desconto 

2. Muitas Fusões & Aquisições graças às falências da crise

Vejam, não há nada de errado com as notícias ou com os fatos acima. Eu apenas não gosto do momento que vivemos e, portanto, não curto fazer barulho por conta da tragédia alheia. Crise é oportunidade? Sim, Crise para 99, Oportunidade para 1. Dá para gostar de uma frase desta? Eu não gostaria nem mesmo sendo o tal 1…

Acho que estou ficando humanista demais e capitalista de menos…tem ONG contratando por aí?…

Abraços, F.

Olá, cliquem aqui e vejam a programação. Se acharam útil é só aparecer. Abraços, F.

Caros – você já devem ter lido neste blog alguns comentários pouco elogiosos que faço a certos “analistas” que mudam de idéia (e projeções) como mudam de roupa. Pois bem, eu não sou analista mas também sou obrigado a fazer algumas projeções para a minha matriz, na França.

Somos uma seguradora de crédito, com necessidades específicas de entendimento. Não precisamos acertar “a asa direita do mosca verde”, como acontece com o pessoal que opera com bolsa e futuros.

Enfim como não há nada de excepcional nas nossas projeções, assim como não há nada que meus concorrentes possam ler aqui que eu não falaria para eles durante um almoço, resolvi dividi-las com vocês.

Talvez sirva como curiosidade, em especial pela forma pouco “ortodoxa” que eu as comunico. Projeções deste tipo, em momentos como estes que vivemos, não podem ser levadas “tão a sério” e tem muito “analista” que se leva muito a sério…

Abaixo a tradução do que mandei para Paris, nesta última 6af.

1. Estado Geral da Economia:

Estimamos um crescimento próximo de zero, não nos surpreendendo se for levemente negativo. No Brasil, não temos propriamente uma crise macroeconômica clássica, haja visto que os fundamentos gerais da economia estão bem.

Temos sim uma sucessão de crises microeconômicas, geradas por duas causas principais:

  • Redução do comércio internacional, com consequente queda nas exportações (em volume e preço).
  • Redução da oferta de crédito: (a) internacional, que afeta o financiamento do comércio exterior brasileiro e grandes projetos em andamento, (b) doméstico, por conta da redução do apetite de risco dos bancos que operam no Brasil, que afeta o capital de giro das empresas.

2. Setores Impactados

Diferentente de muito países, os bancos brasileiros mostram-se saudáveis e reduziram sua exposição a risco justamente pelo perfil conservador que sempre tiveram. No momento, os setores mais afetados parecem ser:

  • Setores exportadores com dificuldade para redirecionar sua produção para o mercado interno (e.g. mineração, aço)
  • Construção civi e sua cadeia
  • Bens de capital, máquinas e equipamentos
  • Bens de consumo durável, de alto valor agregado e demandador de financiamento
  • Certos setores do varejo que estavam estocados em excesso no Natal e agora encontram dificuldade para rolar suas dívidas.

3. Inadimplência

Tanto os sinistros de crédito declarados à Coface, como os indicadores divulgados pela SERASA e outras entidades, demonstram uma aceleração da inadimplência. Na nossa visão, esta ainda vai piorar nos próximos 2 trimestres, antes de vermos uma reversão deste quadro.

4. Variáveis Macroeconômicas

  • Câmbio: é baixo o risco de uma nova maxidesvalorização do real frente ao dólar. O pior já passou. Atualmente, a taxa anda ao redor dos R$ 2,25 e poderá flutuar até R$ 2,50, salvo se uma nova hecatombe de más notícias surgir.
  • Juros: a tendência dos juros básicos (SELIC) é de baixa, podendo atingir 10% ao final deste ano (não acredito em menos do que isso em 2009). Mais complexa é a análise dos juros cobrados pelos bancos, pois aí dependemos do apetite de risco destes. A tendência é de queda, porém mais lentamente do que a queda da SELIC.
  • Crédito: continua restrito para empresas e famílias que não demonstram com transparência sua situação financeira e formas de repagamento do empréstimo. Mas já notamos um pequeno movimento de distensão, ainda que seja na direção de empréstar mais para os agentes que precisam menos (“flight-to-quality”).
  • Déficit e Dívida Pública: o país vem mantendo suas contas em constante superavit primário, mas este quadro tende a se modificar, agora que a arrecadação caiu. De qualquer forma, o Brasil nunca enfrentou maiores problemas para financiar sua dívida interna, em reais, até porque faltam outras opções de aplicação para os investidors domésticos.

É isso. Obrigado + abraços,

Fernando

PS: esta minha visão, por mais honesta que seja, tem tanta chance de estar errada como qualquer outra. Portanto, fiel seguidor de Blog, não se anime a sair tomando decisões de vida por conta destas projeções.

É o que nos conta, com ironia, Joel Nocera neste artigo do NYT.

O texto diz que as vítimas de Madoff foram, numa grande extensão, cúmplices deste charlatão. Alguns motivos:

  1. Muitos cacifaram toda (ou quase toda) sua poupança com ele. Pecado: não se concentra todo o seu dinheiro com um fundo independente, ou com um banco pequeno ou de 2a. linha. Ou põe tudo num grandão (quase) à prova de quebra, ou distribui em vários.
  2. Não se investe com NINGUÉM que faz a própria custódia e compensação financeira. Em outras palavras, você pode até correr o risco de má gestão de um gestor independente (*), mas não correrá o risco de investir num fundo que não tem papéis (ou tem menos do que deveria), ou ainda, que o seu pagamento irá para a conta pessoal do dono do fundo.

(*) não conheço nenhum estudo que demonstre que fundos de bancões ou de gestores independentes sejam melhores ou piores. O que discuto aqui é a questão do risco de contraparte.

Estas coisas básicas aconteceram aos zilhões no caso Madoff. E a SEC (que é a CVM dos EUA) deixou isso correr solto (principalmente o item 2, que deveria ser proibido) – não é à toa que a SEC está sendo processada por um monte de investidores!

Existe uma dramática lei do mundo dos negócios: só tem alto retorno quem corre alto risco. Não existe alto retorno com baixo risco. É como um pêndulo. Exemplos:

  1. “Um cliente que sempre comprou 10 unidades por mês resolveu comprar 100 agora”. Por que? Por conta dos seus olhos azuis? Mais provável que ele esteja querendo encher o estoque e aplicar um calote (nosso amigo Álvaro Stefani escapou de uma dessas outro dia!).
  2. “Um banco te oferece uma taxa de juros bem abaixo do mercado”. Assim, do nada? Bem, tem um derivativo acoplado que…ou tem uma cláusula no contrato que permite ao banco acelerar o repagamento se… – não tem almoço grátis nesta vida!
  3. “Um sujeito quer comprar algo seu, paga o dobro dos outros…mas quer um prazo de 12 meses para pagar”. Se paga tanto e pede tamanho prazo, é porque no fundo não quer pagar.
  4. “Financiamento de carros com juros quase zero”. Tá certo que as montadoras querem vender, custe o que custar, mas você deve sempre checar se o preço do carro não está encarecido por conta dos juros baixos. Muitas vezes o juro é baixo, mas o preço do carro (ou do imóvel, da bicicleta, etc.) está caro demais!

Conservadorismo x Arrojo x Crédito = esta é uma equação simples. Quando mais conservadorismo você conseguir demonstrar e comprovar, mais crédito conseguirá obter. Saiba que bancos não gostam de gente “esperta” e “arrojada demais”, que sempre sai ganhando. É gente de alto risco.

Eu já disse aqui neste espaço, que sou muito conservador com o meu suado dinheirinho. Ele dorme em paz, em fundo de renda fixa ou CDB de um grande banco. Também não compro nada a prazo. Choro por descontos e só compro o que posso pagar. Nunca ficarei rico. Nem pobre. Questão de estilo pessoal.

Se todo mundo fosse como eu o mundo cresceria 1% a.a. e o Brasil 3% a.a. A vida seria mais sem graça e com menos sobressaltos.

Abraços, F.

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