Depois de férias forçadas (feriados e uma séria contratura muscular nas costas), o blog volta com notícias impensáveis até outro dia: num domingo que entrará para a história do capitalismo (anotem aí: 23 de novembro de 2008), o governo americano decidiu:

  1. Garantir a bagatela de USD 306 bilhões (quase a metade do já finado Plano Paulson de USD 700 bi) de ativos podres do Citigroup. Em outras palavras, significa que o banco está garantido contra default que esses ativos possam gerar, arruinando ainda mais sua precária liquidez.
  2. Injetar mais USD 20 bilhões de caixa no banco (recentemente o Citi já havia recebido USD 25 bi, junto com outros 8 mega bancos americanos – nota-se, portanto, que esta grana não deu nem para a saída). Sim, o banco enfrenta sérios problemas de liquidez, originado por resgates dos clientes e por má performance dos seus ativos (má qualidade, insolvência).

Fala-se abertamente em venda do lendário banco americano que já foi sinônimo do poderio econômico do país. Um outro ícone, a GM, também agoniza. O “Império” está em coma econômico. Acho que nem Nouriel Roubini imaginava que a coisa afundaria tão rapidamente quando escreveu O Declínio do Império Americano.

Bem… As bolsas européias gostaram das notícias – ou pelo menos estão especulando bem enquanto eu escrevo. A Bloomberg reporta que as ações do Citi subiram mais de 40% hoje cedo (depois de terem caído 60% ao longo da semana passada). Tenho bons amigos – ex-Citibank da velha guarda brasileira – que compraram ações do banco há meses, quando valiam o dobro do que valem hoje. Por que? Parecia que o fundo do poço já tinha sido atingido à época. Parecia…

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aBdUcxoRPkp4&refer=home

E o seu crédito? O apetite de risco deste gigantesco banco está combalido. E o de muitos outros também. Com a retração sistêmica do crédito, a economia desacelera e todos nós sofremos em nossos negócios. E o emprego e a renda sofrem junto. O processo se retroalimenta. Mas acho que isto todos nós já sabemos.

Amigos, não tenho mais dúvida: a saída para a continuidade do capitalismo passará pela transformação do atual “ativismo governamental” para uma séria semi-estatização de bancos e empresas. O modelo/sistema está sem forças para reagir sozinho. Que coisa!

Abraços + boa semana, que será de contínuas emoções!

Fernando